sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Resumo super resumido de: A Preparação do Ator

Li esse livro seis vezes, e pretendo ler a sétima, oitava e quantas vezes forem necessárias, para abstrair tudo que ele tem a nos oferecer. Praticamente a bíblia do ator. Muitos curiosos discutem as teorias de Stanislavski, por conta da história como foram escritos os livros e suas versões em diversos países. Inclusive, comentam sobre o método não estar completo. Pois, a ideia inicial de Stan (vou chama-lo carinhosamente desta forma, pra reter digitações) era de publicar todas as obras de uma só vez. No entanto, foi dividida em três partes. Especulações a parte, sou uma fã particular, e o método de Stan me rendeu um baseamento que não havia conseguido em nenhum outro livro. Depois dele, foram surgindo vários outros métodos, em sua grande maioria, apenas acompanhando ou aperfeiçoando sua proposta inicial, e alguns autores, assumidos discípulos de Stan, agregaram exercícios e formas diferentes de aprendizado, dentro ainda, de seus incríveis métodos de estudo. Por isso, continuo com meu firme pensamento de que sua obra deve ser seguida sim, de maneira minuciosa, e estudada e lida, quantas vezes necessárias para que possamos absorver tudo que esse gênio tem a nos oferecer. O livro é complexo, por isso, a primeira leitura provavelmente deixará o ator um bocado confuso. Insista! Neste blog trabalhamos o truque da persistência, de ir a exaustão, até aprender tudo que precisamos para colocarmos todas as teorias em prática, de maneira sutil e eficaz.

Quis falar um pouco de todo meu processo, para atentá-los, a não se prenderem a este resumo. Pois, seria desperdiçar a arte de um grande nome do teatro, em prol da facilidade. E um excelente ator (me dirigirei sempre desta forma à nossa profissão, ¨excelente ator¨, pois de bons atores o mundo está cheio, precisamos ser excelentes para fazer a diferença) não busca o caminho mais curto, busca o caminho que lhe permitirá mais experiências e maiores observações da vida.

Stanisvavski
 
1-     A primeira prova

Jamais congelar uma ideia. O ator deve dominar seus métodos. Não engessar o personagem no ambiente do ensaio. Passar o texto em diversos lugares diferentes, ajuda a não cristalizar uma ideia.

2 - Quando atuar é uma arte

O ator deve viver o papel inteiramente. Por isso não lembrar do que foi feito é sinal de que viveu em cena, não se assistiu.

O ator deve se deixar levar pelo personagem.

Dirigir-se ao que podemos alcançar, de resto a natureza o fará. Não pretender mais do que podemos realizar.

Tomar os processos internos e adaptar a vida espiritual e física do personagem.

Viver interiormente e dar uma encarnação exterior ao personagem.

As bases orgânicas da natureza, impede de seguirmos o caminho errado.

Viver o papel a cada instante.

NÃO se observar pelo espelho. Ele mostra o exterior, quando a construção deve ser feita a partir do interior.

Os sentimentos humanos exigem emoções naturais, no próprio instante, em que nos apresentam encarnados.

Atores mecânicos se prendem a clichês, representam... Está ERRADO!

Para reproduzir sentimentos é necessário reconhecê-los por experiência própria.

Não represente "exteriormente" algo que não esteja sentindo "interiormente".

3 - Ação

Colocar intenções nas ações. Não abra uma porta, por abrir. Abra com a intenção de descobrir quem te espera, de saber se está frio lá fora, se o carteiro deixou sua carta...

Focar sempre no verbo: "abrir" de "abrir a porta" deve ser de suma importância e colocar suas vontades e intenções.

Ainda sobre a porta, pode-se utilizar o "se" imaginário, pra despertar emoções, intenções. "se tivesse um louco atrás da porta".
O "se" desperta uma atividade interior e real.

Toda ação deve partir do interior, ser real. Acompanhar sub textos, pensamentos.

Criatividade inconsciente, por meio de técnica consciente.

4 - Imaginação

Criar base de imaginação para exercícios. Provoque sensações de frio, calor, fome, cansaço...

A imaginação do ator deve ser elaborada de forma minuciosa, e erguida sobre uma base de fatos.

O ator deve estar entregue, e envolvido de corpo e de espírito. Sentir o desafio à ação, tanto física, quanto intelectual. Cada movimento em cena, cada palavra, é resultado de nossa imaginação.

Treinamento:
- Hoje faz frio?!
Antes de responder, lembre-se de como saiu de casa, o que vestia, se estava a pé, de carro ou condução.

5 - Concentração da atenção

É preciso olhar as coisas e realmente vê-las.

O ator deve ter um foco de atenção em cena, pra não desviar a concentração.

Se vemos a imagem em nosso "interior" conseguimos transmiti-la ao nosso "exterior" de forma crível.

O talento sem o trabalho, é matéria-prima sem acabamento, no seu estado bruto.

O ator deve ser um eterno observador da vida real. Olhar e ver. Não deixar nada passar desapercebido.

6 - Descontração dos músculos

A contração muscular impede o ator de ter liberdade em cena.

7 - Unidades e objetivos

Crie dentro do texto e de seu personagem, um canal de divisões amplas, que tenham sido devidamente preenchidas e elaboradas.

O verbo sempre será o ativo no texto.
O verbo provoca pensamentos e sentimentos, que levarão a ação.

Cada objetivo deve trazer dentro de si a semente da ação.

8 - Fé e sentimento da verdade

A verdade em cena é tudo aquilo que podemos crer com sinceridade, tanto  em nós mesmos como em nossos colegas.

Começar o trabalho por dentro, acreditando na realidade das sensações.

É impossível controlar o todo de uma vez, temos que fragmentá-lo e absorver cada pedacinho.

Você cria o corpo num papel e depois cria a alma humana.

Ações físicas sempre devem vir acompanhadas de atitude.

Perguntas a serem feitas, antes de entrar em cena: - Quem sou? - De onde eu vim? - Onde estou? - Pra onde vou?

Senso de verdade colabora no senso de fé, no que está fazendo.

Se você acredita, tem fé no que faz em cena, a emoção virá naturalmente.

Quando realizar uma tragédia, não pense nas emoções, pense no que tem que fazer, e faça.

A primeira vez sempre tem um frescor de verdade. Mas, com as técnicas, a segunda fez fica tão verdadeira quanto a primeira.

Parecer e Ser.
O ator tem que "ser" sempre.
Não se contentar com aparência exterior.

Tudo deve ser real na vida imaginária do ator.

O ator deve exercitar sempre sua criatividade, crença, imaginação, memória, voz e corpo.

Transformar realidades humanas  em cristais de verdade artística.

Sempre se agarrar ao fio da verdade.

9 - Memória das emoções

Toda produção exterior é formal e fria, quando não tem motivação interior.

Recorrer à memória da vida. O "inesperado" é alavanca no processo criador. Pois o ator improvisa.

Busque lembranças de um lugar que remeta sensações de angústia, encantamento, pânico, felicidade...

Pode-se até entrar em cena sobre o plano exterior, mas durante, recordar sentimentos "anteriores" e se entregar a eles.

Os atores podem reproduzir o que vêem e o que não vêem, mas habita em sua imaginação.

É preciso treinar a memória emotiva (ou afetiva) para trazê-la em cena no momento desejado.

Os nossos sentidos olfato, paladar e tato, auxiliam na memória emotiva.

Os sentimentos do personagem não serão do autor, mas sim do ator.

Nunca se perca em cena. Atue em sua própria pessoa, como artista.

Sempre será você em cena, mas com uma variedade de emoções, sentimentos, pensamentos...

Olhar e ver as coisas em cena. Reagir e se entregar ao que se passa em torno do ator.

Não comece pelo resultado. Não busque o sentimento. Busque o que levou a sentir aquilo, naquele momento.

Se tiverem matéria emocional, viva, encontrarão uma maneira de despertar.

O ator sente a situação do personagem tão intensamente, que se coloca no lugar da pessoa.

O ator cria vida do seu tempo, do passado e do futuro. Por isso, precisa experimentar e se deixar levar pelas emoções.

É preciso renovar sempre nosso estoque de sensações e emoções.
Buscando novas experiências, lendo livros, observando a vida e nos comunicando com outras pessoas.

10 - Comunhão

Um ator não é um robô. Ele entra em cena trazendo sentimentos e pensamentos pessoais, mas depois se entrega ao personagem.

Manter um fluxo ininterrupto. Saber falar e ouvir em cena. Estar conectado.

Trocar sentimentos, emoções com o olhar. Mesmo sem palavras. Somente sub texto. Jogar em cena com o outro ator.

Manter a comunhão. Olhar e realmente ver. Escutar e realmente ouvir.

Pra trocar pensamentos e sentimentos com alguém, deve oferecer algo que ele próprio já experimentou.

Um ator deve apreciar cada órgão de comunicação. Deve ser orgânico como um todo.

Você pode transmitir sentimentos somente através do olhar.

O ator que mantém uma cadeia coerente de seus sentimentos, deixa se atingir durante a cena, sair modificado de como entrou, possui a garra da verdade.

Auxílios exteriores estimulam o processo interior.

11 - Adaptação

Você deve adaptar-se ao seu parceiro de cena. Adaptar-se também a imprevistos. Se preciso, improvisar.

As adaptações mais poderosas vêem do subconsciente.

12 - Forças motivas interiores

É preciso que o espectador sinta sua relação com o que diz.

Sentimento, Mente e Vontade.

O ator toma as falas do personagem e chega a uma concepção do que significam. Essa concepção afetará seus sentimentos e sua vontade.

13 - A linha contínua

Em cena quando a linha interior se interrompe, o ator deixa de sentir.

Use sempre toda a força interior que tiver na construção de uma linha contínua. Para não cair na representação, na artificialidade.
Reúna passado, presente e futuro do personagem, para criar uma linha contínua.

14 - O estado interior da criação

Mente, vontade e sentimentos combinam-se para mobilizar seus elementos interiores.

Usar elementos de concentração e relaxamento para estimular o estado interior da criação.

Se pedirem que busque uma chave, que perdeu. Busque motivos que o levaram a procurar a chave. Pra abrir o carro, levar alguém pra sair, buscar alguém...

15 - O super objetivo

As técnicas não fabricam a inspiração, mas criam um terreno favorável pra ela.

16 - No limiar do subconsciente

No subconsciente abrimos os olhos da alma. A liberdade é atrevida, voluntariosa e ativa. Corremos riscos e acreditamos em loucuras.

Não é necessário ter vivido pra sentir.
Mas é preciso sentir com "ar de vida".

Crer na espontaneidade e colocá-la em seu personagem, te levará ao subconsciente.

Para alcançar liberdade interior. É necessária descontração física.

Verdade real, fé nas ações, o "Eu sou".

Devemos ir até nosso limite, sempre. Introduzir algo inesperado em cena, pode nos aproximar da verdade.

A indecisão oprimi. O ator deve ser corajoso, se jogar.

O ator deve utilizar seu próprio material espiritual e humano.

O pai é o autor. A mãe é o ator. E a criança é o personagem.

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